quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O QUE EU FIZ PARA NÃO MERECER ISTO?


               Bom, não pretendo fazer desse espaço aqui um vale de lágrimas, mas, embora não seja essa a intenção desse blog, tenho de relatar alguns dramas que vivi e tenho vivido.  Uma vez, revoltada, questionei: "O que fiz para merecer isso?'' Questionei a Deus por estar passando por isso e acho que, inicialmente, essa revolta faz parte do processo de aceitação dessa nova condição. Uma hora tudo fará sentido.
                 As mudanças na minha vida vêm ocorrendo há 4 anos. Começou com a não ingestão de bebidas alcoólicas. Hoje vejo que isso foi uma adaptação à ataxia, devido a potencialização do efeito do álcool no meu organismo. Percebendo isso, optei por não beber mais. Depois percebi que não me equilibrava bem em saltos e fui diminuindo o tamanho deles até deixar de usá-los. Procuro ser uma pessoa ativa, mas inconscientemente, fui me privando do que me remetia a ataxia. Praticava spning, parei, com a desculpa de que estava enjoada dessa modalidade e queria buscar outra. Resultado: há 2 anos não pratico nenhum esporte. Não freqüento lugares em que não tenha como me sentar, não danço mais forró. Me incomoda demais o olhar das pessoas me medindo, tentando entender o que esta acontecendo e, por muitas vezes, ter o meu desequilíbrio interpretado como embriaguez. A falta de informação das pessoas faz o doente neurológico sofrer na pele o preconceito, mas isso é tema para um outro post.

                Hoje, evito sair sozinha, dirijo quando não tenho escolha. Inconscientemente, deixei de fazer várias coisas, mas estou, dentro da minha condição, tentando visualizar maneiras de resgatar o máximo de coisas que puder. Estou redescobrindo o prazer de viver e ao mesmo tempo vivendo o meu luto porque, como dizia Cazuza, o tempo não pára...

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